terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Macroeconomia e microeconomia

Na entrevista que deu ao Jornal de Negócios, o Presidente de um novo partido alemão, que é contra o atual sistema do euro, Bernd Lucke, afirma a certa parte o que vai sendo comum nestas análise de âmbito macroeconómico, dos indicadores globais e agregados, e que não cuidam que este resulta do nível microeconómico, das empresas e famílias:
 
"… a competitividade depende fundamentalmente da relação entre a produtividade e os salários. Mas em muitos países do Sul vemos que os salários desceram e que os preços das exportações se mantiveram praticamente inalterados, o que impede um aumento da competitividade. Nesta situação, em que é muito difícil atacar as raízes do problema, o remédio que tornaria mais fácil o ajustamento passaria pela desvalorização da moeda e essa possibilidade não existe com o euro".
 
Ou seja, o que vem dizer, é que baixar salários não teria reduzido os custos de produção e por isso surge a desvalorização, impossível no euro, para baixar tudo e permitir preços mais baixos.
Uma análise típica de teóricos. Já sei que muito defendida. Mas que nega a evidência e pragmatismo das situações empresariais.
 
E se o problema para isto forem os reais custos para a Empresa, com a energia, portagens, combustíveis, juros, encargos com o Estado? São esses que têm de ser mexidos, os dos monopólios criados que retiram valor às Empresas. A solução apresentada é sempre desvalorizar tudo, pela moeda.
 
Estaria resolvido. Mas não, como o passado demonstrou, os custos de bens importados e endogeneizados na produção aumentam.
 
Não metem na cabeça que os problemas de competitividade já pouco têm a ver com a relação produtividade/custo do salário. Mesmo esta tem de ser repensada, o que é ser mais produtivo, ter resultados mais rápidos na produção ou incorporar mais valor no que se vende? Esta segunda, claro. E é aqui que têm de ser desenvolvidas ações empresariais de inovação e verticalização.
 
Depois, continuando o texto, vem mais um chavão dos recentes "incomers" nas questões da macroeconomia e suas teorias, quando a realidade é bem mais simples. "… no caso de Portugal tentou manter-se uma moeda excessivamente valorizada, o que ajuda a explicar porque ao longo de década houve sempre défices externos.." .
 
Mais uma explicação imbatível e não compreendida na sua essência. Mas chega para estes teóricos, que pensam a economia partindo dos agregados.
 
O que será que se pode extrair desta frase, dando sempre explicação em torno de uma moeda cara, que dificulta a competitividade externa? Porque não a inexistência do desenvolvimento de uma política nacional de substituição de importações, que tornaria o País menos dependente do exterior. E não é por isso que há deficit externo, porque não se encontram substitutos adequados ao que importamos, mesmo que a preços menos "competitivos"-
 
Por aqui me fico, hoje. Neste apelo à defesa do micro, das empresas, das suas decisões de investimento, nos custos que as atingem.
 
Não aceito a tese de que basta mexer na moeda. Se a vida fosse tão simples, gostaria também. Desvaloriza-se a moeda...

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